quinta-feira, 13 de abril de 2017

VLT teve operação paralisada por tiroteios seis vezes desde outubro

23/03/2017 - O Globo

A paralisação da linha 1 do VLT por cerca de duas horas na manhã desta quinta-feira, durante um tiroteio no Morro da Providência, foi a sexta interrupção do transporte desde outubro provocada por uma troca de tiros. De acordo com o consórcio responsável pela operação, em média o VLT parou uma vez por mês por casos de violência. Nesta quinta, a circulação foi suspensa às 9h31m, e só foi totalmente restabelecida às 11h27m.

O tiroteio desta manhã foi provocado por uma operação do Choque no Morro da Providência com objetivo de reprimir o roubo de carros e motos. A Polícia Militar também realizou uma ação com o mesmo objetivo nas ruas Sacadura Cabral, Camerino e na Avenida Venezuela, no Centro. Uma ambulante que trabalha na Central do Brasil Carolina Alves, de 25 anos, disse que pelo menos três camelôs ficaram feridos por tiros vindos da Providência. Os casos, no entanto, ainda não foram confirmados oficialmente.

- Eu vi um ambulante que tem problema numa perna ser atingido na outra. Então, saí correndo e vim para perto do Comando Militar do Leste. Os outros dois são pessoas que contaram - relatou.

Cena incomum, as estações da linha 1 do VLT ficaram cheias de usuários por causa da paralisação de quase duas horas. A esteticista Maria Helena Marins, de 32 anos, disse ter ficado assustada por ter ouvido tiros quando seguia em direção à estação do VLT próximo ao Armazém 3 do Cais do Porto.

- Desde que a região começou a ser revitalizada pensei que situações como essa não fossem acontecer mais. Mas não é a primeira vez. É muito triste ver que perto de uma das principais entradas para a cidade (o Cais do Porto) os turistas são recebidos dessa forma. E parece que ninguém pode fazer nada - lamentou.

O estudante Brendo Britto, de 18 anos, esperou por cerca de uma hora e 40 minutos na estação Navios do VLT antes de seguir em direção à Rodoviária Novo Rio. Ele lamentou que a revitalização da região do Boulevard Olímpico e arredores não tenha sido acompanhada pelo aumento da segurança:

- É um velho incômodo. Iríamos fazer manutenção elétrica no prédio do Inca, mas atrasou tudo por causa dessa violência que não acaba - disse.

Já o engenheiro Édson Fonseca Gouveia, de 49 anos, lamentou a insegurança numa região que se transformou em atração turística. Ele trabalha na instalação de elevadores num prédio novo que está sendo construído na Rua Barão de Teffé, próximo à Avenida Rodrigues Alves.

VLT tem 5 mil pessoas multadas por não pagarem passagem

27/03/2017 - Extra

A advogada mineira Pâmella Alqualo decidiu, na semana passada, ir com o marido à Zona Portuária para visitar o AquaRio de VLT. Mas o que seria um passeio divertido virou dor de cabeça. Ao não conseguir usar um RioCard, ela pediu ajuda a uma fiscal, que, em vez de orientá-la, chamou um guarda municipal. Pâmella acabou se tornando uma das 5.085 pessoas multadas desde setembro do ano passado por viajar sem pagar passagem.

— Como tinha acabado de usar o cartão para pagar duas passagens no metrô, imaginei que poderia fazer o mesmo no VLT. Abordei a fiscal para pedir uma informação e fui tratada como desonesta, como se estivesse me recusando a pagar R$ 3,80. Achei um absurdo — reclamou Pâmella.

A verificação do pagamento da passagem é feita por fiscais da concessionária do VLT, que atuam ao lado de guardas municipais, os responsáveis por aplicar as sanções. Dados da prefeitura mostram que, desde o início da fiscalização, foram aplicadas em média 25 multas por dia. Das 1.475 guias emitidas, no valor de R$ 170 cada, 935 foram pagas, o que gerou um montante de R$ 158.950 para o Tesouro Municipal. Do total de autuados, 660 recorreram, mas, até agora, nenhum recurso foi deferido. Ao ser multado, é responsabilidade do passageiro emitir a guia de pagamento pela internet.

Um dos recursos foi apresentado pela designer baiana Ana Paula Esteves, que veio passar o carnaval no Rio. Ela viveu situação semelhante à de Pâmella. Ao não conseguir pagar duas passagens com um único cartão e pedir ajuda, foi multada.

— A guarda já veio pedindo meu CPF, pensei que fosse apenas para fazer um cadastro e me dar informação. Mas ela me entregou uma multa de R$ 170 e ignorou quando pedi que deixasse a gente descer para comprar outro cartão. Fiz o recurso porque achei um abuso, uma forma de usurpar a gente.

Já o técnico em eletrônica gaúcho Juliano Mattos fez tudo certo: comprou dois cartões, para ele e a mulher, e colocou crédito para ir e voltar do Centro ao AquaRio. Na volta, ao fazer uma baldeação obrigatória na Parada dos Navios, foi abordado por um fiscal e multado por um guarda municipal.

— Não sei se, ao passar o cartão na baldeação, fomos cobrados indevidamente. O fato é que eu tinha o comprovante da compra dos nossos bilhetes de ida e volta, com o horário que os adquirimos, e mostrei ao guarda. Ele sabia que não tínhamos feito nada de errado — criticou Juliano.

O diretor de operações do VLT, Paulo Ferreira, alegou que, em pesquisa do Ibope com 600 usuários, o VLT obteve 88% de satisfação. Segundo ele, o que pode ser julgado como uma atitude radical é, na verdade, uma regra que deve ser cumprida.

— Quando você transporta 35 mil passageiros por dia não tem como identificar quem está bem-intencionado e quem não está.