quarta-feira, 23 de março de 2016

Secretaria de Transportes suspende ramal de bonde em Santa Teresa


23/03/2016 07:20 - O Globo

LUIZ ERNESTO MAGALHÃES

Desativado em 1966, o ramal dos bondes de Santa Teresa entre a Rua Francisco Muratori e o Largo do Curvelo voltou a funcionar 50 anos depois, no fim de janeiro, numa cerimônia que ficou marcada pelo enguiço do veículo na viagem inaugural. Desde segunda- feira passada, podem ser vistos no local as faixas alusivas ao evento, instaladas pelo governo do estado, os trilhos e as placas indicativas dos pontos. Mas não o bonde. A Secretaria estadual de Transportes decidiu suspender o serviço, que ainda opera em fase de testes, por tempo indeterminado. Isso porque uma galeria de águas pluviais, de responsabilidade da prefeitura, se rompeu próximo aos trilhos, causando o afundamento de um pedaço da rua. Havia o risco de a situação se agravar com a trepidação que sempre ocorre com a passagem do veículo.

A causa do problema ainda não é conhecida, mas especialistas e moradores culpam tanto o estado quanto a prefeitura. A Secretaria estadual de Transportes atribuiu o acidente com a tubulação às fortes chuvas que caíram há mais de uma semana na cidade. No entanto, a Secretaria municipal de Conservação não confirmou que essa foi a razão. Segundo nota do órgão, a causa só será conhecida “quando uma sondagem for realizada, ainda não é possível dizer quando o serviço será concluído”.

O trecho passou por uma inspeção inicial no fim da tarde de ontem, depois de a secretaria ter sido procurada pelo GLOBO. Uma nova vistoria será feita hoje.

ENGENHEIRO FAZ CRÍTICAS

O presidente do Clube de Engenharia, Pedro Teixeira, visitou o local também na tarde de ontem, a convite do GLOBO. Ele constatou que o problema atingiu pelo menos cem metros da galeria. Pedro verificou que houve afundamento da via em alguns pontos, inclusive do lado oposto ao dos trilhos. Em alguns trechos, era possível sentir cheiro de esgoto, o que, para ele, sinaliza a existência de instalações clandestinas na rede de águas pluviais. Na avaliação do especialista, a prefeitura tem responsabilidade pelo acidente, por não ter investido em conservação

— Galerias como essa foram projetadas para receber grande volume de chuvas. Elas devem ser vistoriadas e limpas principalmente nos períodos menos chuvosos. Pela extensão dos estragos, é provável que estivessem obstruídas por falta de manutenção. Por fim, a prova de que a manutenção não é eficiente foi a demora para vistoriar o local. Os reparos já dever iam ter começado — criticou ele.

A Secretaria de Conservação não respondeu à pergunta sobre quando foi feita a última manutenção da galeria.

ENTIDADE DIZ QUE FEZ ALERTA

Por sua vez, o secretário da Associação de Moradores de Santa Teresa ( Amast), Sérgio Teixeira, disse que a entidade já havia alertado o governo estadual sobre a fragilidade das galer ias do bair ro, que são muito antigas. Uma das reivindicações que a Amast vem fazendo ao estado, para garantir uma operação mais eficaz do serviço, é que os trechos já recuperados para os bondes só sejam liberados para o tráfego após uma inspeção detalhada das galerias de serviços.

— Antes da reabertura da Francisco Muratori para os bondes, Cedae e Light fizeram inspeções em suas galerias. A prefeitura, que deveria inspecionar as redes de águas pluviais, não apareceu. Em lugar de esperar a inspeção do município, mesmo assim o estado decidiu reabrir o trecho para os bondes. O resultado é esse — disse Sérgio Teixeira.

Em 2011, um acidente com um dos bondes de Santa Teresa deixou cinco mortos e 57 feridos. Na época, o estado anunciou que ia recuperar o sistema. O objetivo era concluir as obras até a Copa do Mundo de 2014. O prazo não foi cumprido e, depois de seguidos adiamentos, a previsão agora é para o fim de 2017.

quarta-feira, 16 de março de 2016

Ônibus faz manobra irregular e atinge VLT

16/03/2016 - O Globo

RIO - Um ônibus atingiu na noite de ontem um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que estava estacionado próximo ao terminal Padre Henrique Otte, em Santo Cristo . De acordo com a Concessionária do VLT Carioca, o ônibus realizou uma manobra irregular, que deixou vidros de duas portas do veículo quebrados e parte da lataria amassada.

segunda-feira, 14 de março de 2016

Veículo Leve sobre Trilhos ganha campanha educativa no Rio

14/03/2015 - Jornal do Brasil

Agência Brasil 

Com a nova fase de testes do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que começa este  mês, a Secretaria Municipal de Transportes, a Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro e a Concessionária VLT Carioca lançam na próxima segunda-feira (14) a campanha educativa “Olho no VLT”. É para estimular novos hábitos de pedestres e motoristas.

O VLT vai circular na área central do Rio em duas linhas distintas. A primeira, saindo da Rodoviária Novo Rio, passando pela zona portuária, pegando o início da Avenida Rio Branco e indo até o aeroporto Santos Dumont.

A outra sairá da Praça XV de Novembro, seguirá pela Rua 7 de Setembro, Praça Tiradentes, Rua da Constituição e Praça da República até o terminal de trens da Central do Brasil.

A campanha foca no aspecto visual por conta dos trens que realizam o percurso serem extremamente silenciosos, gerando assim, maiores possibilidades de acidentes para os desavisados, já que o VLT circulará por áreas de grande fluxo de pessoas e de carros.

Vinte e cinco placas serão instaladas em regiões de grande movimento ao longo dos 28 quilômetros do traçado. Elas exibirão mensagens para que motoristas, motociclistas, pedestres e ciclistas estejam atentos. Os locais foram escolhidos graças a um dossiê que apontou as principais áreas de atenção como cruzamentos e praças com grande circulação. Agentes educativos também estarão distribuindo 150 mil folhetos sobre a operação.

Desafio urbano

Para o secretário municipal de Transportes, Rafael Picciani, as próximas etapas de testes e de conscientização da população serão um desafio, já que confrontarão velhos hábitos e rotinas dos cariocas. “Tudo é um grande desafio. Temos que entender que é uma novidade para todos ter esse modal fantástico no centro do Rio, que se integra com todos os outros já existentes. E essa campanha é para, além de gerar uma conscientização, dar o conhecimento para toda a nossa população,  pedestres e motoristas que saberão que não podem fechar os cruzamentos do VLT, o que ocasionaria uma perda da capacidade de operação dos trens”, explicou.

Picciani disse, ainda, não acreditar que o serviço encontre dificuldades para se adequar ao Rio de Janeiro. Para ele, ao verem a qualidade do serviço prestado, os cariocas ajudarão para que tudo ocorra seguramente. “Eu acredito que os cariocas - quando se depararem com um modal de tamanha capacidade de melhorar a vida daqueles que transitam pelo centro - colaborarão para que tudo dê certo. Tanto na operação, isto é, respeitando as regras de trânsito e sinalização, bem como na questão da validação dos bilhetes que será um método inédito no país”.

O presidente da concessionária VLT Carioca, Carlos Baldi, classificou todo o processo como gradativo, já que o serviço está em testes desde o ano passado. “A gente começou a testar o serviço em novembro. A gente só está aumentando o número e também o impacto, já que agora os testes não serão mais feitos apenas à noite, mas também durante o dia, na Avenida Rio Branco, que é uma área movimentadíssima do centro. Pegaremos esses meses de março e abril para realizar essas avaliações e depois entregar o serviço, correndo tudo dentro do prazo, no fim de abril, dentro dessa primeira etapa que é o serviço da Rodoviária Novo Rio até o aeroporto Santos Dumont”, disse.

Crianças

Ações voltadas para as crianças também serão realizadas, como é o caso do programa “Olhinhos no VLT”, que levará alunos de escolas públicas para visitação guiada com todas as orientações de segurança para que elas sejam propagadoras das informações para os pais, parentes e amigos. Outra iniciativa é o “Olhar Acessível no VLT”, para pessoas com deficiência, principalmente visual.

O VLT Carioca funcionará 24 horas - sete dias por semana - e terá integração total com o Aeroporto Santos Dumont, barcas, trens, metrô, ônibus e BRTs. O intervalo entre os VLTs poderá variar entre três e 15 minutos, conforme a linha e o horário do dia. A obra é uma das muitas que visam readequar a  cidade para receber os Jogos Olímpicos Rio 2016

domingo, 13 de março de 2016

Prefeitura publica abertura de licitação para VLT até a Zona Sul nesta segunda

29/02/2016 - O Dia


Com o novo meio de transporte, terceira viagem no Bilhete Único Carioca custará R$ 2,10. Tarifa única é de R$ 3,80

RICARDO SCHOTT

Rio - A prefeitura publica nesta segunda-feira no Diário Oficial a abertura da licitação para escolher a empresa que fará os estudos para a expansão do Veículo Leve Sobre Trilho (VLT) para a Zona Sul. Neste domingo, o prefeito Eduardo Paes acompanhou o primeiro teste com passageiros no trajeto do VLT, entre a Rodoviária Novo Rio e a Cinelândia. 

O prazo para a entrega dos estudos é de seis meses e Paes pretende licitar as obras até o fim do ano. O coordenador municipal de Governo, Pedro Paulo, que acompanhou Paes nos testes, disse que a nova linha deve seguir em direção à Gávea, onde está prevista uma estação do metrô para 2017. Segundo ele, os pré-projetos apontam para uma expansão de 23 quilômetros pelo trecho Humaitá, Jardim Botânico até a Gávea.

Eduardo Paes e Pedro Paulo no teste do VLT com passageiros neste domingo
Foto: Divulgação

De acordo com a Proposta de Manifestação de Interesse (PMI) publicada no Diário Oficial, a prefeitura terá trinta dias para escolher a empresa ou consórcio que trará soluções para o VLT da Zona Sul. Em um primeiro momento, será feita uma pesquisa para verificar o potencial atual de usuários do sistema, além de uma projeção da demanda. “Esta linha dá sequência à estratégia da prefeitura de estimular e privilegiar o transporte público limpo, onde hoje circulam carros que criam congestionamentos e poluem a cidade. Nosso plano é aumentar a oferta de transporte de alta capacidade e tornar a cidade cada vez mais convidativa ao pedestre”, acrescentou Pedro Paulo.

O VLT não tem catracas ou cobradores e a forma de pagar a passagem é validando o bilhete eletrônico em máquinas no interior da composição. O secretário municipal de Transportes do Rio, Rafael Picciani, que também acompanhou os testes deste domingo, anunciou que, com o uso do VLT, a terceira viagem do Bilhete Único Carioca (BUC) terá o valor de R$ 2,10. Com o BUC, é possível fazer duas viagens, usando BRT, ônibus e, a partir de abril (previsão do início da operação), de VLT, pagando somente os R$ 3,80 da tarifa básica. A passagem única do VLT também custará R$ 3,80, como foi anunciado na semana passada.

A prefeitura vai enviar à Câmara dos Vereadores projeto de lei para estabelecer multa no valor de R$ 170 para quem for pego viajando no VLT sem pagar a passagem. Os trens do VLT já vêm desde outubro fazendo testes noturnos pela Região Portuária, no Santo Cristo, na Gamboa e na Saúde. Testes diurnos acontecerão com mais frequência a partir de agora.

O primeiro trecho do VLT começa a operar em abril, percorrendo 18 estações (da Rodoviária Novo Rio ao Aeroporto Santos Dumont, passando pela Avenida Rodrigues Alves, Praça Mauá e Avenida Rio Branco). O tempo estimado para o percurso é de trinta minutos.

VLT será inaugurado em três etapas


12/03/2016 - O Dia

Operação completa só ocorrerá em 2017. Primeira fase começa em abril, com intervalos de 15 minutos

GUSTAVO RIBEIRO

Rio - O carioca vai ter de aprender a usar um novo meio de transporte a partir do fim do mês que vem, quando o Veículo Leve sobre Trilhos ganhar as ruas. Para familiarizar os futuros passageiros com as novidades, o ‘Observatório da Mobilidade’ detalha como será o funcionamento dos ‘bondes modernos’ no Centro.

Até setembro, o VLT vai funcionar em regime de ‘pare e siga’ em um trecho de 1,5 quilômetro na Via Binário
Foto: Arte O Dia

O VLT será implantado em três etapas e terá três linhas quando estiver em operação plena, em 2017. Nos primeiros cinco meses, o passageiro vai esperar até longos 15 minutos para embarcar, devido a um atraso na obra. No entanto, a prefeitura cravou que o intervalo entre as composições será de três minutos quando todo o circuito estiver inaugurado — passará um veículo de cada linha a cada seis minutos.

“Como o sistema foi planejado em rede, será possível saltar em qualquer parada e seguir viagem em outra linha comum ao trajeto sem pagar outra passagem”, explica Augusto Schein, diretor de Operações da Concessionária do VLT Carioca.

O primeiro eixo, prometido para abril, vai ligar a região da Rodoviária Novo-Rio ao Aeroporto Santos Dumont, em 33 minutos, partindo da lateral do terminal rodoviário Padre Henrique Otte e passando pela Via Binário, Avenida Rodrigues Alves (com paradas perto do porto e dos museus), Rio Branco e Beira-Mar. Segundo a prefeitura, o Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan) levou mais tempo que o previsto para investigar achados arqueológicos, por isso a obra na Rua Pedro Ernesto atrasou e, até setembro, trecho de 1,5 km da Binário vai funcionar em pista única e esquema de “siga e pare” (um VLT espera o outro voltar para seguir). A prefeitura estuda criar uma linha extra, enquanto a Pedro Ernesto estiver em obras, da Rodrigues Alves até o aeroporto, das 7h às 9h30 e das 17h às 19h30.

A segunda linha, prevista para setembro, partirá do Henrique Otte em direção à Praça 15, passando pela rodoviária, Rua Equador, Vila Olímpica do Morro da Providência, Central, Praça da República, Praça Tiradentes, Sete de Setembro e barcas. O percurso será em 25 minutos. A terceira linha (Central-Cinelândia) ficou para 2017. O VLT funcionará de forma diferente de todos os transportes da cidade. Para manter os vagões refrigerados, as portas não abrirão automaticamente. O passageiro precisa pressionar um botão na porta de vidro para entrar ou sair do trem. A tarifa é R$ 3,80. Será possível utilizar o VLT como terceira viagem no Bilhete Único (após tempo indeterminado) pagando mais R$ 2,10. 

Mudança e confusão 

A mudança no trajeto de 11 linhas de ônibus no Rio deixou os passageiros confusos ontem em seu primeiro dia. A medida foi implementada pela Secretaria Municipal de Transportes (SMTR), obrigando os usuários a peregrinar pelos pontos atrás de informação.

A falta de agentes de trânsito para orientação foi a principal reclamação. “Tá uma bagunça só. Estou há 40 minutos em pé esperando a linha 309, para descobrir através do motorista queo ponto era mais à frente”, revoltou-se o pedreiro Severino dos Santos, 43 anos.

As linhas afetadas circulam entre as zonas Norte e Sul e Centro da cidade. Há o prologamento dos trajetos de quatro, que haviam sido encurtadas (433, 464, 517 e 497). Também a ampliação da frota de outras quatro (309, 435, e Troncais 7 e 8), entre 20% e 45%.

A assessoria da SMTR limitou-se a dizer que as mudanças são apenas ajustes internos, e que as informações para o usuário já foram passadas na primeira etapa, de racionalização. 

sexta-feira, 11 de março de 2016

Ministro das Cidades e atleta paralímpico testam e aprovam VLT do Rio


08/03/2016 – Portal Brasil 2016

Rio inicia teste do VLT. Foto: Divulgação/Prefeitura do Rio de Janeiro 
Rio inicia teste do VLT. Foto: Divulgação/Prefeitura do Rio de Janeiro

Atleta paralímpico e morador do Rio de Janeiro, Jonas Licurgo Ferreira, 46 anos, pôs à prova a acessibilidade de um dos projetos de mobilidade urbana pensados como legado dos Jogos Rio 2016. Campeão parapan-americano no lançamento de dardo em Toronto 2015, ele fez um “test drive” no Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) que ligará o Centro da capital fluminense e a região portuária da sede dos Jogos 2016.

A implantação do novo meio de transporte tem custo avaliado em R$ 1,157 bilhão, sendo R$ 532 milhões de recursos federais e R$ 625 milhões viabilizados por meio de parceria público-privada (PPP) da prefeitura do Rio.

De cadeira de rodas, o atleta passou pela Praça Mauá e acessou a rampa que leva à plataforma do VLT. Acionando um botão que fica na lateral do vagão, em uma altura adequada aos cadeirantes, ele abriu a porta e entrou no trem.

“Independentemente de a obra ainda estar em andamento, nós temos uma acessibilidade muito boa. A distância entre o trem e a plataforma é ideal. Não tive dificuldade para me locomover dentro do trem e o local para a cadeira se encaixar é adequado”, avaliou Licurgo. O piso da plataforma é antiderrapante e conta com sinalização tátil para deficientes visuais.

“A vinda das Olimpíadas e Paralimpíadas está trazendo uma mudança radical para o Rio de Janeiro, inclusive na acessibilidade. Isso aqui mudou muito. Vai ser um legado para a gente. A gente viu a mudança no BRT, agora com o VLT também”, completou o atleta.

Os primeiros testes com o VLT do Rio de Janeiro estão sendo realizados e a previsão é que o trajeto entre a Rodoviária e o aeroporto Santos Dumont entre em operação no próximo mês. Serão 18 paradas e uma estação no trecho. O ministro das Cidades, Gilberto Kassab, o prefeito Eduardo Paes, e o secretário nacional de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, Ricardo Leyser, acompanharam a visita, realizada nesta segunda-feira (7).

As autoridades embarcaram na Parada dos Museus, ao lado da Praça Mauá, e seguiram até a Parada Utopia. “Evidentemente que a cidade do Rio de Janeiro, com a conclusão dessas intervenções, se transforma, tem um novo marco. O governo federal dá todo apoio e comparece com recursos, porque é o nosso papel, a nossa vocação, essa parceria com os municípios e com os estados, notadamente no campo da infraestrutura”, disse Kassab.

A segunda etapa de implantação do projeto vai ligar a Central do Brasil à Praça 15 e está marcada para ser concluída no segundo semestre deste ano. Ao todo, o sistema terá 28 Km, 29 paradas abertas e três estações fechadas. O VLT conectará trens, metrô, barcas, teleférico, BRTs, ônibus convencionais, rodoviária, terminal de cruzeiros marítimos e aeroporto em uma malha que vai funcionar de segunda a domingo, 24 horas.

“Quando a gente fez o plano dos Jogos, a gente levou em conta toda esse planejamento estratégico da cidade, de revitalização do porto, junto com a prefeitura. Aqui temos uma prova disso”, apontou Ricardo Leyser.

No VLT, serão 32 trens, com capacidade de transporte de 420 passageiros por composição. O sistema chegará a até 300 mil passageiros por dia quando entrar em operação plena. A distância média entre as paradas será de 400 metros.

O tempo máximo de espera entre um trem e outro vai variar de 3 a 15 minutos, de acordo com a linha. Os trens não têm fios superiores em rede aérea e são alimentados por duas fontes de energia: um terceiro trilho energizado e supercapacitores.

Linha 4 do metrô

Kassab também visitou, na tarde desta segunda-feira, a futura estação São Conrado da linha 4 do metrô da cidade, que vai ligar Ipanema à Barra da Tijuca. Acompanhado do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, e do diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), José Henrique Paim, ele percorreu as instalações que estão em fase final de acabamento.

A nova linha terá 16 quilômetros de extensão, com seis estações: Nossa Senhora da Paz (Ipanema), Jardim de Alah, Antero de Quental, Gávea, São Conrado e Jardim Oceânico (Barra). É uma obra do governo do estado que integra o Plano de Políticas Públicas dos Jogos Rio 2016, com investimento total de R$ 9,77 bilhões. Desse valor, 6,6 bilhões vêm de financiamento federal via BNDES e já foram autorizados. Outros R$ 989 milhões, segundo o governador Pezão, estão sendo pedidos ao BNDES para a reta final.

“Desses R$ 989 milhões, R$ 489 milhões são para terminar a obra da fase Olimpíada, até a Barra da Tijuca, e mais 500 milhões para entregar a estação da Gávea”, explicou Pezão.

Segundo o governo do Estado, a linha 4 é maior obra de infraestrutura em andamento na América Latina e emprega mais de 9 mil trabalhadores. A nova linha vai transportar 300 mil pessoas por dia, retirando das ruas cerca de 2 mil veículos por hora no período de pico de trânsito. Quando estiver em pleno funcionamento, será possível ir da Barra a Ipanema em 13 minutos e da Barra ao Centro em 34 minutos. O passageiro poderá utilizar todo o sistema metroviário pagando apenas uma passagem.

“O governo federal tem, com a cidade e com o estado do Rio de Janeiro, parcerias transformadoras, desde as que estão vinculadas aos Jogos Olímpicos até as que não estão vinculadas. E esta obra do metrô é a mais emblemática de todas, porque é muito significativa em relação aos Jogos e também é legado das Olimpíadas para a cidade e o Estado”, disse Kassab, ressaltando que está confiante na entrega da obra no prazo.

Cronograma

De acordo com o secretário de estado de Transportes, Rodrigo Vieira, a obra está dentro do cronograma, e falta um trecho de cerca de 150 metros para a finalização das escavações da linha. Com 90% de conclusão dos trabalhos, diversos testes já estão sendo realizados.

“Estamos testando a subestação elétrica que vai abastecer a Linha 4, que fica num prédio ao lado desta estação (São Conrado). Os testes vão sendo realizados de forma individual e depois são integrados, isso até maio. Em junho, já teremos trens passando e, em julho, a previsão é abrir essa linha (para a população), com operação assistida. Depois o horário é ampliado, assim como a capacidade da linha”, explicou Rodrigo Vieira.

A estação São Conrado está praticamente finalizada. “Estamos na fase de acabamento. Os sistemas estão sendo instalados e aqui já podem ser vistas as escadas rolantes, os elevadores, as esteiras sendo montadas e todo o sistema de iluminação e ventilação, que já está pronto”, disse o secretário de transportes.

Ele acrescentou que todas as estações estarão funcionando ao mesmo tempo, com exceção da estação Gávea, que tem previsão de entrega para 2017. O plano de operação para os Jogos Olímpicos, ainda de acordo com o secretário, está em discussão entre o Comitê Rio 2016 e a prefeitura, e o metrô estará operacional para atender esse plano.

A nova linha será fundamental durante os Jogos. A recomendação para quem segue do Centro da cidade, da Tijuca e da Zona Sul em direção à Barra para as competições é utilizar a linha 4 do metrô até a estação Jardim Oceânico e fazer a conexão com o BRT (Transoeste), que vai levar o espectador até o Parque Olímpico e aos outros locais de competição na Barra da Tijuca.

sábado, 5 de março de 2016

Para especialistas, futuro VLT tiraria carros das ruas e não excluiria expansão do metrô


Muitas associações de moradores da Zona Sul, por sua vez, temem problemas no trânsito devido à adaptação das vias para o novo transporte
   
POR LUIZ ERNESTO MAGALHÃES 

05/03/2016- O Globo

O VLT circula pela Avenida Rio Branco durante um dos testes - Custódio Coimbra/28-2-2016


RIO - Os testes finais para pôr o VLT do Centro em operação mal começaram, e os planos da prefeitura para implantar uma nova linha do bonde moderno até a Zona Sul já estimulam debates entre especialistas em mobilidade urbana e representantes da sociedade civil. Para especialistas, o VLT poderia ser uma opção importante para tirar carros das ruas e não dispensaria a expansão do metrô a partir da Estação Gávea, que faz parte da Linha 4 e só deverá ser inaugurada ano que vem. Muitas associações de moradores da Zona Sul, por sua vez, temem problemas no trânsito devido à adaptação das vias para o novo transporte e reivindicam a expansão do metrô da Gávea rumo ao Centro ou a Botafogo.

A implantação do VLT seria uma opção mais barata do que o metrô e exigiria menos tempo de execução. Além disso, muitas cidades do mundo estão optando por essa alternativa, num esforço para tentar retirar carros das ruas, reduzindo o caos no trânsito. Por outro lado, o VLT teria velocidade menor, porque teria que cruzar várias vias com sinais entre o Centro e a Zona Sul. Por circular em galerias subterrâneas, o metrô ganha em rapidez.  


Passageiros e motoristas sofrem com o calor em onibus sem ar-condicionado


Em comum entre as duas propostas, está a ausência de informações detalhadas sobre custos, já que ambos, VLT e metrô, podem variar de projeto a projeto, conforme características da área onde forem implantados. Em crise financeira, o governo do estado sequer definiu qual seria o traçado ideal da expansão do metrô e já anunciou que a prioridade seria expandir a Linha 2 entre Estácio e Praça Quinze. Já a prefeitura lançou na segunda-feira passada um edital para convocar empresas interessadas em detalhar o projeto do VLT, indicando estimativas de demanda, traçado, número de paradas e custo. O prazo para os interessados se habilitarem termina no dia 30 de março. O projeto conceitual estima que a linha terá 23 quilômetros.

Para efeito de comparação, o VLT carioca, em execução no Centro, prevê um gasto total de R$ 1,57 bilhão por 28 quilômetros (R$ 41 milhões por quilômetro), sendo de fato mais barato que a opção pelo metrô. A implantação da Linha 4 (Barra da Tijuca-Zona Sul) está em R$ 9,7 bilhões (R$ 606,2 milhões por quilômetro).

— O VLT tem a seu favor o fato de ser um transporte de qualidade, diferenciado, que pode atrair muita gente, que hoje prefere andar de carro, para o ônibus. Mas não dispensa a implantação do metrô, que pode cobrir distâncias mais rapidamente por conta da forma como opera. O ideal para uma cidade é ter maior número de opções — diz o diretor do Instituto Mobilize, Marcos de Souza.

MIGRAÇÃO PARA O TRANSPORTE PÚBLICO

O coordenador do Instituto de Políticas de Transporte & Desenvolvimento (ITDP Brasil), Gabriel Tenembau de Oliveira, vê prós e contras na opção pelo VLT para a Zona Sul.

— O VLT poderia reduzir a necessidade de o governo do estado investir no metrô da capital e concentrar recursos para aplicar, por exemplo, na Linha 3 (Niterói-São Gonçalo). Ou para melhorar as condições operacionais dos trens da SuperVia. Além disso, por ser (implantado) na via, o VLT reduziria o espaço para o carro, aumentando a possibilidade de migração para o transporte público — afirma Gabriel, que, no entanto, faz uma ressalva. — Em um contexto de atividade econômica reduzida e perspectiva de corte de investimentos no país, cabe perguntar se a prioridade nesse momento é mesmo fazer um investimento desse nível naquela região. Quantos quilômetros de BRS e ciclovias alimentadoras de BRT/metrô/trem poderiam ser viabilizados com esse valor? Quantos entornos de estações de BRT, metrô e trem nas zonas Norte e Oeste poderiam se beneficiar com um investimento desse porte? 

Especialista em transportes, o professor do Departamento de Engenharia Industrial da PUC José Eugenio Leal acredita que o VLT possa reduzir a quantidade de carros na Zona Sul. No entanto, diz temer que o projeto acabe por inviabilizar uma futura expansão do metrô, capaz de absorver, em cada viagem, muito mais passageiros que um trem de VLT.

— É claro que implantar um VLT é bem mais rápido do que uma linha do metrô. Mas o projeto conceitual da prefeitura propõe um traçado que poderia ser utilizado também pelo metrô. Isso pode afetar a demanda da expansão do sistema metroviário, interferindo nos custos para viabilizá-lo — disse Jose Eugenio Leal.

Coordenador do projeto pela prefeitura, o secretário de Coordenação de Governo, Pedro Paulo Carvalho Teixeira, explica que os estudos técnicos é que vão determinar o traçado final, bem como o custo da implantação. Numa estimativa inicial, ele acredita que seriam necessários cerca de R$ 1,5 bilhão a R$ 1,6 bilhão. O secretário acredita que, mesmo com a crise econômica, seria possível obter fontes de financiamento. Além disso, diz que o projeto não impediria o estado de expandir o metrô no futuro. Pelo modelo proposto pela prefeitura, quem vencer a licitação numa Parceria Público-Privada recuperaria o investimento pela cobrança da passagem e seria ressarcido pelo governo ao longo da concessão, num sistema conhecido como contraprestação pública.

— A prefeitura teria condições de implantar a nova linha com agilidade porque acumulou experiência com as obras do VLT do Centro. Haveria uma migração do transporte público para o VLT, gerando inclusive melhorias ambientais — disse o secretário.

OBRAS NÃO COMEÇAM ESTE ANO

O município reconhece, porém, que não há condições de começar as obras este ano. A decisão de tirar o projeto do papel poderá ficar com o sucessor do prefeito Eduardo Paes nas eleições de outubro. Pelo cronograma do município, este ano só daria tempo para assinar o contrato de concessão. Isso porque, após a escolha da empresa que fará os estudos, ela terá inicialmente 90 dias para desenvolver os estudos de viabilidade financeira e o projeto conceitual. Depois disso, somente no fim de setembro o projeto estaria maduro o suficiente para permitir a abertura de concorrência.

O presidente da Associação de Moradores e Amigos do Flamengo (Flama), Leandro Alecrim, defende o projeto. Para ele, eventuais transtornos na obra seriam compensados com ganho ambiental e qualidade de transporte. Ele não vê problema algum no fato de a linha ter 23 quilômetros se no percurso houver integração com outros modais.

— O VLT opera de forma mais silenciosa, praticamente não polui e permitiria se deslocar entre a Zona Sul e o Centro contemplando uma bela paisagem que não é possível ser vista quando se pega o metrô. Seria um ganho para o Flamengo. Com o VLT, haveria redução da quantidade de ônibus, que fazem mais barulho e poluem muito mais.

O diretor de Mobilidade Urbana e Comunicação da Associação de Moradores do Jardim Botânico (AMA-JB), Mauro Pacanowiski, acha complicado implantar o VLT no bairro até mesmo pelos impactos no trânsito. Para ele, o melhor seria gastar recursos apenas com o metrô. 

— As dificuldades de implantação seriam enormes, e o projeto traria transtornos permanentes para os moradores. Imagine o que aconteceria no trânsito com um VLT passando pela Rua Jardim Botânico, que serve de acesso a ruas internas do bairro e também de ligação entre bairros da Zona Sul — afirmou Pacanowiski.

A presidente da Associação de Moradores de Botafogo (AMAB), Regina Chiaradia, também se diz contra o VLT, por motivos parecidos com os de Pacanowiski: os possíveis transtornos causados pelo projeto no dia a dia do bairro:

— E se a prefeitura está com tanto dinheiro para investir no projeto, por que não ajuda a financiar a expansão do metrô? — questionou Regina.



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