quinta-feira, 30 de julho de 2015

Com testes em Santos, VLT vira atração turística e opção de passeio

30/07/2015 - A Tribuna

Desde o início do mês, a viagem de testes do modal chegou à Estação Pinheiro Machado, no Canal 1
 
Egle Cisterna

Moradores e turistas querem conhecer o sistema
Moradores e turistas querem conhecer o sistema
créditos: A Tribuna
 
Um programa diferente para a garotada no final das férias escolares tem sido passear no Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Desde o início do mês, a viagem de testes do modal chegou à Estação Pinheiro Machado, no Canal 1, em Santos. Desde então, muita gente aproveita para matar a curiosidade sobre o novo meio de transporte.
 
Nesta etapa, quando o trajeto é gratuito, o primeiro trem parte da estação, às 13 horas, rumo a São Vicente. Mas antes que ele chegue à plataforma, muita gente já está no local aguardando o embarque. "Vim na segunda-feira, mas o trem deu problema. Voltei hoje e estou ansiosa para o passeio", disse a dona de casa Bernadete Aparecida Caetano, de 65 anos, que levou os netos João David, de 10 anos, e Maria Alice, de quatro anos.
 
A família mora perto da plataforma e João não via a hora de entrar no VLT. "Um amigo que mora no meu prédio veio e falou que é muito legal". Já a pequena Maria Alice ainda não sabia muito bem o que ia encontrar no trajeto, mas se surpreendeu ao saber que passaria dentro de um túnel. "Deve ser emocionante". A esteticista Eunice Xavier convidou a irmã, que mora em Guarujá, para dar uma volta no veículo. "Moro aqui perto e vi a obra sendo feita. É hora de conhecer um pouquinho esse trem para ver se valeu a pena esperar tanto".
 
Mas não é apenas a curiosidade que faz com que as pessoas já embarquem no VLT. "Moro aqui perto e tinha que fazer compras no Centro de São Vicente. Então aproveitei para fazer a viagem", disse a professora Renata de Almeida. A comerciante Marcia Regina da Silva Gonçalves tirou proveito duas vezes da fase de testes: conhecer o novo modal e não gastar dinheiro para visitar a sogra. "Tinha que levar meus dois filhos para ver a vó. Agora vamos estrear no VLT sem gastar nada".
 
As viagens testes acontecem de segunda a sexta-feira, a partir das 13 horas. A última partida que sai de Santos acontece por volta das 15h30. O trem segue parando em todas as estações até chegar à próxima ao Canal dos Barreiros, em São Vicente. Essa etapa começou no final de abril, nas áreas de embarque vicentinas, e já transportou 60 mil passageiros. Na última terça-feira, mais de 500 pessoas embarcaram na estação do Canal 1 .
 
A Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), responsável pelo modal, afirma que ainda não há prazos para que os horários ou percurso das viagens teste sejam ampliados.

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Bondes voltam aos trilhos em Santa Teresa

27/07/2015 - O Globo

Quase quatro anos após o acidente que tirou os bondes dos trilhos de Santa Teresa, o sistema volta a operar hoje, mas apenas num trecho de 1,7 quilômetro. Duas composições vão circular entre os largos da Carioca e do Curvelo, a cada 20 minutos, das 11h às 16h, de segunda a sábado. Nesta fase inicial, a passagem será gratuita. Um cartão- postal da cidade voltará, enfim, a fazer parte da paisagem.

O bondinho de Santa Teresa começa a circular hoje sobre os Arcos da Lapa, quase quatro anos após interromper a operação devido ao acidente que deixou seis mortos e 57 feridos. Mas será um aperitivo: entrará em uso apenas 1,7 dos 10,5 quilômetros de trilhos que estão sendo implantados no bairro. Além disso, o sistema só vai funcionar de segunda a sábado, das 11h às 16h, com capacidade máxima de 32 passageiros por veículo. Chegar ao Silvestre, última estação, ainda levará tempo. O governador Luiz Fernando Pezão avisou, na semana passada, que a obra só termina em 2017. A previsão inicial era que tudo estivesse pronto há um ano. Neste primeiro momento, dois bondes vão circular no trecho que vai do Largo da Carioca até o Largo do Curvelo.

Quem quiser matar a saudade de andar nos estribos também não vai conseguir. No novo modelo de bonde, eles são retráteis e só abrem nas paradas. Além disso, também não serão permitidas viagens em pé. Segundo o secretário estadual de Transportes, Carlos Roberto Osorio, a operação de hoje é, na prática, uma reintrodução do bonde no cenário e no cotidiano do bairro. E esse retorno será feito de forma gradual.

— Terminamos os testes e decidimos começar a pré- operação nesta segunda ( hoje), cumprindo o prazo de voltar a operar um dos trechos até o fim de julho. No período inicial, em cada carro vamos ter, além do motorneiro, um agente, que ficará responsável por dar informações aos usuários na hora da partida, e durante a viagem vai indicar os pontos. Também teremos agentes de trânsito ao longo dos trilhos, numa ação educativa. As pessoas precisam lembrar que não é permitido estacionar por lá — explicou Osorio.

VIAGENS SERÃO GRATUITAS

Segundo o secretário, na primeira semana dois bondes vão operar com intervalos de 20 minutos, e não haverá cobrança de passagem. O embarque e o desembarque serão feitos exclusivamente nos pontos de parada. E, caso haja demanda, o tempo de intervalo entre os bondinhos poderá ser reduzido.

— Vamos avaliar isso e conversar com os moradores. Só começaremos com dois bondes, que vão sair simultaneamente do Largo do Curvelo e do Largo da Carioca, a cada 20 minutos. Mas, como temos quatro bondes aptos a entrar em operação, poderemos fazer adaptações — disse Osorio.

Ao todo, 12 agentes da Secretaria de Transportes estarão nas estações do Largo do Curvelo e do Largo da Carioca para orientar os passageiros. Na última sexta- feira, o órgão instalou novas placas indicando os pontos de parada dos bondes ao longo da Rua Joaquim Murtinho e outras ruas. De acordo com Osorio, os locais de parada dos antigos carros foram respeitados. Ainda segundo o secretário, ficou combinado com os moradores que, se houver necessidade, os pontos de embarque e desembarque poderão ser modificados.

Os moradores do bairro comemoram o começo da volta do bondinho, mas acompanham o processo com precaução, já que o consórcio ElmoAzvi, que executa as obras, não vinha respeitando o cronograma. O consórcio foi multado duas vezes por problemas nos serviços prestados. O montante chega a R$ 1,35 milhão. O grupo apresentou recursos, que estão sendo analisados.

— Para nós, o fato de o bonde voltar a operar num trecho é bastante positivo. Esperamos que, de agora em diante, os prazos sejam respeitados, que as obras no Largo dos Guimarães sejam logo concluídas, e os trabalhos avancem em direção ao Largo das Neves e ao Silvestre — comentou Sergio Teixeira, um dos diretores da Associação de Moradores de Santa Teresa ( Amast).

O comerciante Maurício Gilson reclama que as obras têm feito seu faturamento cair:

— Temos a loja de Santa Teresa há mais de quatro anos, quando o bonde ainda circulava. Sem ele, perdemos 80% das vendas. Esperamos que o bonde retorne e traga de volta o povo da área cultural.

OUTRO TRECHO SERÁ REATIVADO EM OUTUBRO

Osorio afirma que o trecho dos trilhos da Rua Almirante Alexandrino ao Largo dos Guimarães deve entrar em pré- operação a partir de outubro:

— A obra física até o Largo dos Guimarães será concluída até o fim de setembro. Em outubro, começam os testes nos trilhos e poderemos iniciar a pré- operação nesse trecho. Em seguida, a obra vai continuar em direção ao Silvestre.

Outro problema também preocupa: o custo da obra, que está 49% mais alto que o valor inicial — era R$ 58,6 milhões, em junho de 2013, e passou para R$ 87,1 milhões. Até agora, o governo estadual pagou R$ 43,5 milhões, o equivalente à metade do atual orçamento. Parte da obra, no trecho entre a Carioca e o Curvelo, precisou ser refeita, porque houve um erro na instalação do rejunte dos trilhos com os paralelepípedos, que ficaram numa altura inadequada, impedindo o acionamento do freio magnético dos veículos. A lentidão das obras em Santa Teresa afetou a fabricação de 14 bondes encomendados pelo estado, por R$ 40 milhões, em 2012. Apenas cinco veículos foram entregues pela TTrans. O governo determinou a paralisação da produção para evitar o risco de a nova frota se deteriorar.

Comerciantes do bairro amargam prejuízos por causa das obras intermináveis. Pela estimativa da Associação de Amigos e Empreendedores do bairro ( Ame Santa, que reúne 25 empresários), as perdas no faturamento se mantêm perto dos 40%. Em maio, a queda de movimento chegou a 60%.

O acidente com o bonde aconteceu na Rua Joaquim Murtinho, em 27 de agosto de 2011. Na época, o então governador Sérgio Cabral admitiu que o sistema estava sucateado e mal gerido, e interrompeu o serviço. Em novembro de 2013, o estado anunciou o início de obras. Na ocasião, prometeu que, ao longo de 2014, os bondes estariam de volta.

Ateliês abrem as portas

Apesar de transtornos, evento reúne 40 mil pessoas no fim de semana

Santa Teresa sempre foi um canteiro de obras de arte. E os 25 ateliês do bairro montaram exposições este fim de semana, durante a 25 ª edição do Arte de Portas Abertas, que atraiu 40 mil visitantes. Na avaliação dos organizadores, os buracos, o barulho e a poeira que imperam pelas principais ruas da região não conseguiram ofuscar o sucesso da festa. Ontem à tarde, as vias do bairro ficaram cheias. Ao todo, 66 artistas participaram. Quatorze restaurantes abriram com programação especial.

Alguns participantes, porém, reclamaram da queda no movimento. A artesã Taiane Vilas Boas, do VB Atelier, já participou de cinco eventos e, desta vez, sentiu os efeitos das obras, inclusive nas vendas:

— É ruim, porque Santa Teresa já é um lugar complicado de se chegar. Além de o acesso ficar difícil, a poeira prejudica nossos trabalhos, pois acaba sujando tudo.

A fotógrafa Daniela Rocha, que participou pela terceira vez do evento, planejava expor as suas fotos poéticas na calçada do Cine Santa, no Largo dos Guimarães. Porém, como esta é justamente a parte do bairro em que mais se concentram as obras, ela precisou mudar de lugar e se instalou em uma passagem criada ao lado.

— Coloquei o meu trabalho bem próximo das obras para que ele seja visto como o oposto delas. Uma beleza em meio ao caos. Virou uma intervenção — disse ela.

Para a advogada Renata Pinheiro, que mora na Abolição e esteve no evento pela primeira vez, os taxistas, que já se recusavam a ir até o bairro, ficaram ainda mais arredios depois das obras. Para chegar aos ateliês anteontem, ela precisou subir a pé a Rua Almirante Alexandrino até o Largo dos Guimarães.

Apesar das reclamações e dos transtornos relatados, a artista plástica Regina Marconi, conselheira da Associação Chave Mestra, que organiza o evento, não demonstrou preocupação com os transtornos provocados pelas obras. Bem antes do evento, ela aconselhou os visitantes das exposições a não subirem ao bairro de carro, para evitar congestionamentos, além de acidentes.

— Quando o canteiro estava completamente aberto, com as pedras e dormentes expostos, nós estávamos preocupados. Mas ele foi todo cercado na última sexta- feira, e isso permitiu o caminho livre para os visitantes. Ficamos tranquilos porque o espaço na rua diminuiu, mas a parte que sobrou ficou segura e livre. Antes, obra e rua eram a mesma coisa. Agora, melhorou para os moradores e os visitantes. Mas esperamos que a obra acabe logo.

domingo, 26 de julho de 2015

Itinerários do VLT levarão passageiros a conhecer prédios e lugares do Rio de outros tempos

Antigas linhas são desenterradas no Centro durante obras para o VLT

Trilhos dos antigos bondes ressurgem com as obras

POR RAFAEL GALDO / SIMONE CANDIDA

26/07/2015 - O Globo



Rede de transporte. Mapa de itinerários de bondes que cortavam a cidade - Reprodução

RIO - Nas escavações do VLT, também se encontrou o passado do Rio. Os trilhos dos antigos bondes que cruzavam a cidade estão ressurgindo com as obras para implantação do novo sistema. À medida que é retirado o asfalto, eles reaparecem em ruas como a da Constituição e as do entorno da Praça Tiradentes, revelando um tempo em que os velhos veículos verdes-escuros eram o principal meio de transporte público da cidade - da segunda metade do século XIX a meados do século XX.

Foi justo nessa região, aliás, que surgiu uma das primeiras linhas de bonde do Rio, ligando a Praça Tiradentes à Usina, ressalta o pesquisador Paulo Clarindo, coordenador do grupo Amigos do Patrimônio Cultural. Na época, o inglês Thomas Cochrane conseguiu a concessão do governo imperial para, em 1859, inaugurar as viagens em veículos então puxados por burros e apelidados de "maxambombas". Era o início de uma era na cidade, que chegou ao começo do século XX com uma rede que cortava quase todas as principais ruas do Centro.

- Os trilhos encontrados agora não deixam de ser uma arqueologia dessa época. Por isso, defendemos que todo esse material seja documentado, com acompanhamento de arqueólogos - diz Clarindo.



VÍDEO Um passeio de VLT pela história do Rio


INFOGRÁFICO Um passeio pela história do Rio
Rio Branco, uma avenida novamente em transformação

Foi um meio de transporte, lembra o historiador Nireu Cavalcanti, que resistiu até a década de 1960, quando foi paulatinamente substituído pelos ônibus. Antes disso, porém, era quase impossível imaginar o Rio sem ele.

- Ao se fundar um bairro na cidade, a primeira coisa que se fazia era criar uma linha de bonde, como aconteceu com Vila Isabel e Copacabana. Já o Centro era totalmente cortado pelas linhas. Em praticamente todas as principais ruas da região, vão se encontrar vestígios dos trilhos - diz ele.

Agora, com o VLT, a opção do transporte sobre trilhos volta ao Centro. Para o presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), Pedro da Luz Moreira, isso representa uma mudança na mobilidade da região, abrindo a possibilidade de integração com outros meios, como as barcas, na Praça Quinze, o metrô, na Cinelândia, e os trens, na Central do Brasil. O bonde moderno permitirá também uma conexão mais eficiente entre o Santos Dumont e a rodoviária.

- Além disso, o VLT tem uma interface com pedestres e moradores muito mais amigável do que o ônibus. É mais silencioso, tem maior capacidade de transporte e, portanto, oferece mais qualidade. O que precisamos estar atentos agora é para que esses meios de transporte não sejam concorrentes, mas complementares - diz.

COMO SERÁ O VLT

BONDE MODERNO: As composições do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) comportarão, em média, 420 passageiros. Elas terão 3,77 metros de altura, 44 de comprimento e 2,65 de largura, com um padrão de sete módulos integrados (correspondentes a três vagões). O sistema terá capacidade para transportar cerca de 300 mil passageiros por dia. A proposta é que, com os VLTs, seja reduzido o número de linhas de ônibus que passam pelo Centro.

FROTA: Ao todo, o sistema terá 32 trens. O primeiro deles chegou da França no início deste mês e, na semana passada, permanecia no canteiro de obras próximo à Rodoviária Novo Rio. Outros quatro também virão da Europa, enquanto os demais serão montados na fábrica da Alstom em Taubaté, São Paulo. O segundo trem deverá chegar daqui a duas semanas. A previsão é que a frota esteja completa no fim do ano. Os trens serão equipados com ar-condicionado e terão piso rebaixado, facilitando a acessibilidade.

ESTAÇÕES: Quando todo o sistema estiver pronto, com seus 28 quilômetros, serão 32 paradas. Haverá quatro estações principais (Rodoviária Novo Rio, Santos Dumont, Praça Quinze e Central), e outras menores. Os protótipos já foram aprovados, e as primeiras estações deverão começar a ser instaladas ao longo deste segundo semestre, provavelmente a partir de setembro.

FUNCIONAMENTO: O VLT vai operar 24 horas por dia, sete dias por semana. Os intervalos deverão variar entre três e 15 minutos, dependendo da linha e do horário. De madrugada, os veículos circularão a cada meia hora. O sistema de pagamento prevê a utilização do Bilhete Único e a validação voluntária, sem roletas.

ENERGIA:. Os veículos serão movidos por um sistema chamado de APS (sigla para ''alimentação pelo solo''), que consiste em um condutor que, entre os trilhos, fornece energia para o VLT. Com isso, não será necessária a instalação de redes áreas de eletricidade.

VELOCIDADE: A velocidade média dos trens será de 17 km/h.

CUSTO: O custo da implantação do sistema está previsto em R$ 1,157 bilhão. Desse total, R$ 532 milhões são recursos federais do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Mobilidade, e R$ 625 milhões foram viabilizados por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP).

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/antigas-linhas-sao-desenterradas-no-centro-durante-obras-para-vlt-16967424#ixzz3h1ZYjccR 
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quinta-feira, 23 de julho de 2015

VLT traz benefício ambiental e retorno a longo prazo, diz diretor da Alstom

21/07/2015 - Mobilize Brasil

Cristiano Saito, diretor da Alstom, fala sobre o potencial de implantação dos veículos leves sobre trilhos no Brasil
 
Marcos de Sousa


Entrevista: Cristiano Sait, da Alstom, fala sobre

Entrevista: Cristiano Sait, da Alstom, fala sobre
Cristiano Saito: VLTs são INVESTIMENTO de longo prazo
créditos: Divulgação Alstom
 
Movido a eletricidade, de menor impacto operacional e ambiental portanto, o sistema VLT (veículo leve sobre trilhos) cresce de importância no país. Nesta entrevista ao Mobilize, o diretor da Alstom, Cristiano Saito, avalia as vantagens e benefícios do modal, dá explicações técnicas sobre seu funcionamento e, entre outros assuntos, fala da fábrica recém-implantada no interior paulista, que fornecerá carros para o VLT carioca.

Leia a seguir:
  
Os sistemas de VLT são realmente mais caros do que os corredores de ônibus BRTs? É possível avaliar o custo no longo prazo, considerando manutenção, custos de energia e custos de operação? 

O INVESTIMENTO inicial do VLT é de fato maior do que o dos BRTs, mas a longo prazo o retorno é maior devido à sua longa vida útil. Comparado com outros modais sobre trilhos, o custo do VLT é menor, apesar de ter capacidade menor do que a do metrô, por exemplo. Além disso, é necessário destacar outros benefícios do VLT como o menor impacto ambiental e a possibilidade de reurbanização associada ao projeto, gerando retorno em qualidade de vida para a população. Vale lembrar, ainda, que os VLTs já existem há várias décadas em inúmeras cidades do mundo, principalmente na Europa, e comprovadamente produzem benefícios, como a ordenação do tráfego urbano, redução dos níveis de poluição e melhoria da mobilidade urbana. 

Em relação ao Brasil, alguns fatores irão contribuir para reduzir gradativamente os custos relacionados à implantação do VLT, entre eles a experiência que o país acumulará no desenvolvimento de projetos envolvendo esse modal, desde a criação dos corredores até a operação dos veículos, assim como a existência de uma linha de produção nacional que elimina a necessidade de importar os VLTs.
Os VLTs também ajudam a reduzir os custos e o consumo de energia no longo prazo. Seu impacto ambiental local é mínimo devido à tração elétrica. Além disso, o VLT demanda uma faixa mais estreita na via do que o BRT, o que causa menor impacto urbano durante a operação.
 
Qual o custo mínimo de implantação de um sistema de VLT por km, incluindo via permanente, sistema de alimentação, controles e veículos? 

É muito difícil precisar um valor, já que o projeto muda de cidade para cidade. Temos que levar em consideração se o projeto usará catenárias, o tamanho dos trens e o tempo para implantação do projeto. É muito importante ressaltar que não podemos considerar esse tipo de projeto como uma comodity e as características de cada um devem ser muito analisadas para a entrega da melhor solução, dentro do orçamento adequado. 

Outro fator importante para calcular os custos é a capacidade de transporte. A flexibilidade do VLT permite, ao longo do tempo, acrescentar veículos conforme a demanda de passageiros em uma determinada via, o que ajuda a tornar o sistema mais eficiente. Outro ponto é a durabilidade: os veículos têm vida útil de mais de 30 anos, enquanto em sistemas rodoviários esse prazo é pelo menos três vezes menor.
 
Quais são os maiores diferenciais dos VLTs quando comparados aos antigos bondes, quanto à segurança, conforto e evolução tecnológica?

Embora se assemelhe no compartilhamento da via aos antigos bondes, que até a década de 1960 circulavam nas cidades brasileiras, o VLT é uma solução totalmente nova, que gera um menor impacto operacional e ambiental. Em relação à segurança, o modal tem como característica a presença de três mecanismos de freio: mecânico, motor e de emergência. As condições de acessibilidade também chamam atenção, pelo piso baixo que permite o acesso total a pessoas com mobilidade reduzida. E a flexibilidade ajuda a garantir ao VLT um bom desempenho operacional tanto em via exclusivas (desenvolvendo maiores velocidades) como em via compartilhada com o tráfego rodoviário urbano. Além disso, os veículos são climatizados e emitem um quarto do ruído do tráfego de veículos a combustão.
 
Em relação à alimentação elétrica, como funcionam os capacitores/baterias que alimentam os carros entre as estações? Qual é a tensão de alimentação? Em caso de panes elétricas, o sistema tem backups para manter o funcionamento?

O VLT do Rio será um dos primeiros do mundo a ser totalmente sem catenárias – utilizadas para captar energia elétrica em fios suspensos. O abastecimento de energia será feito pelo sistema APS (alimentação pelo solo), que é uma espécie de terceiro trilho, mas com energização apenas no trecho coberto pelo veículo, sendo assim totalmente seguro para pedestres e automóveis, sem risco de choques. No Rio de Janeiro, o sistema ainda conta com supercapacitores e baterias para garantir a autonomia dos veículos, por exemplo, em cruzamentos. 

No VLT Carioca, o sistema de alimentação será conectado a dois pontos de fornecimento da concessionária de energia elétrica. Em caso de falha de um dos dois, o circuito continuará sendo alimentado, mas de forma parcial – com intervalos maiores, velocidades reduzidas ou operação somente em alguns trechos das linhas. O objetivo será manter um funcionamento operacional constante e adequado, para um maior conforto, segurança e mobilidade dos usuários.
 
Em cidades da Europa, Austrália e América do Norte os carros do VLT normalmente circulam nas ruas, em meio ao tráfego. Os projetos brasileiros em geral trabalham com vias segmentadas, como ferrovias ou metrôs leves. Por que essa diferença?

Muitos projetos classificados de VLT no Brasil são na verdade baseados em trens suburbanos mais leves movidos a diesel/ biodiesel em bitola métrica. Esta opção está relacionada ao reaproveitamento de vias já existentes, principalmente no Nordeste, como são os casos do VLT do Cariri (CE) e do VLT de Cajueiro Seco-Cabo (PE). Com os novos projetos de VLTs elétricos, como o VLT Carioca, devemos observar um aumento de projetos de VLT em via compartilhada.
 
Quais são os projetos de VLTs que envolvem a Alstom no Brasil? 

O VLT está ganhando importância como uma das soluções para os problemas de mobilidade urbana nas cidades do Brasil e da América Latina – e é por esse motivo que a Alstom inaugurou uma nova linha de produção de VLTs em TAUBATÉ (SP), com investimento de cerca de R$ 50 milhões. Os primeiros VLTs a serem produzidos nessa fábrica farão parte dos 32 veículos modelo Citadis encomendados em setembro de 2013 para a cidade do Rio de Janeiro, para o consórcio do VLT Carioca. A expectativa é de que os modais sejam entregues entre 2015 e meados de 2016, a tempo para os Jogos Olímpicos. O primeiro trem, mas produzido na França, foi entregue este mês à cidade. 

Além do Rio de Janeiro, outras capitais brasileiras e cidades da região atuam para desenvolver novas obras de infraestrutura que têm esse modal ferroviário como meio de transporte. A Alstom está preparada para atuar como parceira para a viabilização técnica desses projetos também em outras cidades do Brasil, mas no momento está implantando apenas o projeto do Rio de Janeiro. O outro projeto em andamento na América do Sul é o de Cuenca, no Equador. 


VLT Citadis semelhante ao que circulará no Rio deVLT Citadis, sem catenária, semelhante ao que está sendo implantado no Rio de Janeiro 

O inferno astral de Santa Teresa

23/07/2015 - O Globo

Presidente da Amast, Jacques Schwarzstein - "A esta altura do campeonato, estamos lutando para que a obra seja concluída. Não é nem mais para reduzir o tempo"

Sentado num banquinho na calçada, Arnaudo Gomes de Souza observava, próximo ao Largo dos Guimarães, a rua tomada por obras. Era quase meio- dia de ontem, hora do almoço. Sem clientes para recepcionar, o dono de um dos restaurantes mais tradicionais de Santa Teresa, o Bar do Arnaudo, era o retrato fiel de um bairro tomado pela melancolia. Mês que vem, fará quatro anos que os bondes deixaram de circular, após um acidente com seis mortos. Nesse período, as obras para colocá- los de volta nos trilhos se arrastaram, espalhando descrença e prejuízos. O novo prazo para concluí- las escapou do governador Luiz Fernando Pezão anteontem: devem ficar prontas, agora, somente no primeiro semestre de 2017. O que só prolonga o inferno astral do tradicional bairro, que se ressente ainda da escalada da violência.

Todos sofrem: moradores, comerciantes, artistas e também quem visita suas ladeiras. Só nos setores de comércio e serviços, aponta Natacha Fink, integrante da Associação de Amigos e Empreendedores do bairro ( Ame Santa, que reúne 25 empresários), as perdas no faturamento se mantêm perto dos 40%, com o fundo do poço registrado em maio passado, quando chegaram a 60%. Em relação ao período anterior às obras, no caso do Bar do Arnaudo, a queda no movimento chega a pelo menos 60%.

— Os clientes foram embora. Ficaram as pedras e a poeira. Só há movimento nos fins de semana e um pouco na sextafeira. Ainda tenho o privilégio de ter um imóvel próprio. Mas quem paga aluguel não vai aguentar. A incerteza é geral — diz Arnaudo.

O acidente com o bonde — na Rua Joaquim Murtinho, em 27 de agosto de 2011 — desatou um período de turbulências em Santa Teresa. Na época, o então governador Sérgio Cabral admitiu que o sistema estava sucateado e mal gerido, interrompendoo. Dois anos depois, em novembro de 2013, o governo anunciou o início de obras para recuperá- lo. Na ocasião, prometeu que, ao longo de 2014, os bondes estariam de volta.

SUCESSÃO DE FALHAS DE PLANEJAMENTO

Depois de erros e imprevistos, como um problema no rejunte dos trilhos com os paralelepípedos, apenas cerca de 33% das obras ( ou 3,5 quilômetros) foram concluídos pelo consórcio Elmo- Azvi. Os testes operacionais com os primeiros bondes só começaram no último dia 7. O governo vinha evitando falar num novo prazo para o término das obras, embora os custos estimados das intervenções já sejam 49% mais altos que o valor inicial — eram R$ 58,6 milhões, em junho de 2013, e passaram para R$ 87,1 milhões.

Até que, num descuido, durante uma visita ao canteiro de obras da Linha 4 do metrô, o governador Pezão falou anteontem sobre o novo prazo para o término dos trabalhos. Ele chegou a dizer que tudo ficaria pronto em meados de 2016, para depois, após uma troca de olhares com o secretário estadual de Transportes, Carlos Roberto Osorio, retificar:

— Queremos estar com toda a obra pronta lá para o o primeiro semestre de 2017. Estou priorizando recursos para não ter descontinuidade. Mas não é um lugar fácil de trabalhar. Já tivemos muitos problemas — disse ele, que chegou a fazer um mea culpa. — Acho que houve falhas do governo do estado na interlocução com os moradores. Mas isso foi retomado com a gestão do Osorio. Acredito que a obra vai tomar ritmo.

O novo prazo foi mais um balde de água fria para os moradores, que já não suportam a espera.

— A esta altura do campeonato, estamos lutando para que a obra seja concluída. Não é nem mais para reduzir o tempo. Mas para garantir que termine com qualidade e segurança — diz Jacques Schwarzstein, presidente da Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa ( Amast).

Pedro da Luz Moreira, presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil ( IAB) e morador do bairro, afirma que uma sucessão de fatos evidencia que a falta de planejamento da obra — que sequer teve projeto executivo, por exemplo — contribuiu para os atrasos.

— O que está sendo realizado não corresponde a um terço das obras. Se a gente olha para trás e vê a quantidade de imprevistos, não acredita até que o novo prazo dado pelo governo seja cumprido — diz ele, embora continue otimista em relação a uma melhora do bairro.

A esperança de que a vida volte ao normal é compartilhada pelo artista plástico Luiz de França Zod — autor da logomarca do bonde "chorando", que virou febre nas ruas do bairro após o acidente de 2011. Ontem, ele colava no Largo dos Guimarães um pôster declarando seu amor por Santa, numa forma também de protesto:

— Recentemente, as obras até parecem andar com mais velocidade. Santa Teresa sem o bonde fica sem sua alma, sem sua poesia.

TRECHO EM PRÉ- OPERAÇÃO ESTE MÊS

Pelo menos um gostinho da Santa Teresa dos veículos amarelinhos poderá ser revivido até o fim deste mês, garante Osorio. Segundo ele, em breve entrará em pré- operação, das 11h às 16h e sem cobrança de passagens, o trecho do Largo da Carioca até o Curvelo, único com obras finalizadas. O secretário diz ainda que o prazo de 2017 anunciado por Pezão representa um cenário mais pessimista. De acordo com ele, o cronograma está sendo reavaliado e o término pode ser antecipado.

No momento, segundo a Secretaria estadual de Transportes, são realizados trabalhos de instalação de trilhos, concretagem e asfaltamento num trecho da Rua Paschoal Carlos Magno. Também são feitos escavações, instalação de trilhos, concretagem e asfaltamento na Rua Almirante Alexandrino, entre o Largo dos Guimarães e a esquina da Rua Cândido Mendes. Esses serviços devem estar prontos até o final de agosto.

Em seguida, serão executadas obras do Largo dos Guimarães até o pátio de oficinas dos bondes, na Rua Carlos Brant, com prazo de conclusão para o final do mês de setembro. Caso as metas estabelecidas não sejam cumpridas, o governo do estado poderá cancelar o contrato com o consórcio construtor.

— Em setembro, devemos apresentar um cronograma oficial e definitivo das obras — afirma Osorio.

Enquanto isso, numa tentativa de continuar atraindo os olhares para o bairro, os eventos em Santa Teresa driblam os transtornos das obras. No próximo fim de semana, por exemplo, acontece a 25 ª edição do Arte de Portas Abertas. De acordo com Regina Marconi, da Associação dos Artistas Visuais de Santa Teresa, a expectativa é que os ateliês participantes recebam até 30 mil pessoas. Se o bonde estivesse operando, diz ela, o número poderia ser muito maior:

— Era comum que as famílias aproveitassem a festa para andar de bonde. Estamos com saudade da alegria dos bondinhos.

TÁXIS SE NEGAM A IR AO BAIRRO

Outros meios de transporte no bairro também são motivos de queixas. No Bar do Mineiro, o gerente Alexandre Tulio Paixão diz que o faturamento caiu 30% desde janeiro deste ano, o que atribui também a outro empecilho:

— Os frequentadores reclamam muito mesmo é dos táxis, que não querem subir até o bairro por causa das obras. Um cliente tentou parar cinco táxis e só o último aceitou subir. Isso tudo por causa dessas obras, porque o trânsito fica uma loucura. Os ônibus substituem os bondes, mas não são nem um pouco eficientes.

No setor hoteleiro, a diretora- geral do Hotel Santa Teresa, Mônica Paixão, reclama do fato de seus clientes terem de conviver com o caos:

— O hotel ficou desde março de 2014 sem a portaria principal. Só foi liberada há duas semanas. O bondinho é a principal atração para os estrangeiros e faz falta.

O aumento da violência também preocupa. Em maio, a guerra pelo controle do tráfico no Morro da Coroa, que tem uma Unidade de Polícia Pacificadora ( UPP) desde fevereiro de 2011, deixou oito mortos. No segundo trimestre deste ano, entre abril e junho, os registros na delegacia do bairro, a 7 ª DP, também apontaram uma piora na situação: foram 81 assaltos a transeuntes, contra 63 no mesmo período do ano passado ( um aumento de 28,5%).

No último domingo à noite, um bandido com uma pistola e outro com uma granada assaltaram a Santa Quitanda, no Largo dos Guimarães. A poucos metros da 7 ª DP, eles fizeram funcionários e clientes reféns e fugiram levando celulares, dinheiro e produtos como uísque, vinho e cigarros.

sábado, 18 de julho de 2015

VLTs serão entregues até o final de 2015 ao Rio de Janeiro

17/07/2015 - Guia Taubaté

Até o final deste ano, a Alstom espera entregar para a prefeitura do Rio de Janeiro as primeiras unidades do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) produzidas na fábrica de Taubaté, inaugurada em março desse ano.

A previsão de que o sistema de trens comece a funcionar em partes no primeiro semestre de 2016, para as Olimpíadas, que acontecerão capital do Rio.
Foram encomendados ao todo 32 trens. Uma parte, 27, serão produzidos em Taubaté e outros 5 produzidos na sede francesa.

Para produzir os VLTs em Taubaté, a Alstom inaugurou em março uma nova unidade na cidade. Recebendo um investimento de R$ 50 milhões e gerando 150 empregos. A fábrica de Taubaté tem aproximadamente 16 mil metros quadrados e capacidade para produzir até oito trens em um mês.

O VLT modelo Citadis tem 44 metros de comprimento e capacidade para transporte de até 420 passageiros. Os trens são livres das catenárias, como são chamados os cabos aéreos de captação da energia.

 

Escavação revela que traçado do VLT é quase o mesmo de bondes do século 19

18/07/2015 - O Dia

Encontrados na última quarta-feira por arqueólogos, trilhos de madeira eram usados pelos veículos do Rio Antigo

ATHOS MOURA

'Mas inauguraram-se os bonds. Agora é que Santa Teresa vai ficar à moda', escreveu Machado de Assis, na crônica 'Progresso', de 1877. Apesar de parecer distante, o Rio de Janeiro em que o escritor viveu está aos poucos ressurgindo, assim como o meio de transporte elogiado por ele.

O futuro do transporte público do Centro do Rio, imagine, copia o passado. Nas escavações para a implantação do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), na Praça da República, arqueólogos encontraram na última quarta-feira trilhos de madeira que eram usados pelos bondes do Rio Antigo.


Trilhos antigos estavam cobertos pelo asfalto
Foto:  Alexandre Vieira / Agência O Dia

Segundo a arqueóloga Madu Gaspar, responsável pelas escavações, o material encontrado é, provavelmente, do fim do século 19, quando os bondes já eram elétricos. A arqueóloga revela, no entanto, que suas equipes descobriram na Rua Sete de Setembro trilhos ainda mais antigos, datados da época em que os bondes eram puxados por burros, técnica inaugurada em 1859.

"Já esperávamos encontrar esses trilhos. A partir da segunda metade do século 19, o bonde se tornou o principal veículo de massa, e quase todo o Centro do Rio foi tomado por trilhos. Quando acabaram com o serviço, não desmontaram a estrutura existente, apenas jogaram asfalto em cima", contou a arqueóloga.


Do burro ao VLT: principal transporte no Rio Antigo, os bondes de hoje percorrerão o trajeto do passado
Foto:  Acervo fotográfico da Light

Os bondes viraram sinônimo de passado na década de 60 do século 20, quando começaram a ser desativados. Era a época da grande expansão da malha rodoviária brasileira. No Rio, o serviço sobreviveu apenas no nostálgico bairro de Santa Teresa.

Agora, mais de meio século após o fim do ciclo dos transportes por trilho na região central da cidade, os governantes voltam a apostar no modal. Inclusive, o trajeto que será adotado pelo moderno VLT é bem parecido ao que era usado no tempo de Machado de Assis.

Análise

Especialistas em mobilidade urbana elogiam o retorno dos investimentos em transporte sobre trilhos. O professor da Uerj Alexandre Rojas conta que nas décadas de 40 e 50 o bonde era o meio que mais transportava a população e interligava quase toda a cidade.

"Da forma como os bondes eram operados, não havia condições de fazer investimentos nos anos 70 porque seria preciso alargar as ruas da cidade", analisou Rojas. "O VLT dará certo porque tem outro meio de operação, como a faixa exclusiva", completou o professor.

Já a professora da UFRJ Eva Vider considerou um equívoco a extinção dos bondes no passado. Para ela, foi um investimento no meio de transporte errado. "Foi um erro, apostaram nos carros, mas com o tempo isso se mostrou um grande engano", analisa

...E o bonde virou coisa do passado

O fim dos investimentos nos bondes estão diretamente ligados à ascensão dos automóveis no Brasil. A partir da década de 50, grandes companhias automotivas se instalaram no país e incentivaram o uso do carro, que, na época, era símbolo de modernidade e status.

A velocidade dos bondes era de 15 km/h, muito mais lento que os carros. Com essa propaganda foram se acabando os cerca de 400 km de trilhos que existiam no Rio e que estão embaixo do asfalto. A Light, que era responsável pelos bondes elétricos, encerrou a operação entre 1965 e 1968.

"Estamos voltando para uma forma de transporte que já tínhamos no século 19. A troca, na década de 50, foi para favorecer a indústria do carro", disse o professor de História da UFF Pedro Terra.

Rio Branco e Presidente Vargas: 'filé mignon' da História carioca

Para a arqueóloga Madu Gaspar, o melhor das descobertas sobre o Rio antigo ainda está por vir. Ela contou que nas escavações na Praça da República será difícil encontrar objetos além dos trilhos, já que a região era considerada marginal. Nos séculos passados chegou a ser um lixão.

Segundo disse, a expectativa da equipe é quando as obras chegarem ao cruzamento das avenidas Rio Branco e Presidente Vargas, mais precisamente na parte de trás da Igreja da Candelária. Gaspar explicou que naquela região existiam muitos casarios.


Veículo Leve Sobre Trilhos: bondes modernos seguirão rotas antigas
Foto:  Banco de imagens

No início do século 20, com as obras de modernização feitas pelo prefeito Pereira Passos, muitas construções foram demolidas. Madu Gaspar acredita que muitas informações do passado podem ser descobertas naquele cruzamento de ruas.

"É uma região interessante porque foi ponto limite da cidade e depois houve diversos casarios. Vamos ter a chance de ver isso", afirmou.

O trabalho será feito ainda neste ano, mas sem data específica para começar. As escavações serão no período noturno para não atrapalhar o trânsito da região do Centro.

Todo o material encontrado pelos arqueólogos é catalogado e enviado ao Iphan, que determina como serão armazenados. O esperado é que todos sejam levados para o Laboratório de Arqueologia, que será inaugurado na Gamboa, no fim do ano.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Alstom entrega o primeiro VLT Citadis para o Rio de Janeiro

13/07/2015 - Maxpress - São Paulo/SP

O primeiro VLT Citadis da Alstom para o Rio de Janeiro chegou à cidade após 20 dias de transporte, saindo das instalações da Alstom em La Rochelle, na França, onde outros quatro trens estão sendo produzidos. Este é o primeiro dos 32 trens encomendados à Alstom pela cidade do Rio de Janeiro pelo consórcio do VLT Carioca, assinado em 2013 como parte de um sistema integrado de VLT, livre de catenárias[1]. Os outros 27 VLTs serão produzidos na recém-inaugurada unidade da Alstom em Taubaté, São Paulo.

O sistema de VLT fornecido pela Alstom ao Rio inclui 32 Citadis de 44 metros de comprimento, além do abastecimento de energia e sistemas de sinalização e telecomunicações. A linha de VLT será 100% livre de catenárias, combinada ao sistema APS que fornece energia pelo solo, por um terceiro trilho posicionado centralmente entre as linhas de operação e supercapacitores módulos instalados no teto do VLT, que armazenam energia e a regeneram durante a frenagem. A linha, que tem 28 quilômetros de comprimento e inclui 32 paradas, será parcialmente inaugurada em meados de 2016, a tempo para os Jogos Olímpicos.

A Alstom tem o prazer de entregar o primeiro VLT Citadis ao Rio de Janeiro, que é a primeira cidade no Brasil a ser equipada com um sistema completo de VLT. O sistema conectará ônibus, metrôs e trens e aumentará a intermodalidade da cidade, reduzindo, ao mesmo tempo, os congestionamentos e a poluição, afirmou Michel Boccaccio, Vice-Presidente Sênior da Alstom Transporte na América Latina.

A Alstom domina todos os estágios de um sistema de VLT, desde o desenho do modal à validação completa e comissionamento em seu ambiente urbano, e é líder na manutenção do sistema. A empresa possui experiência com 17 projetos de soluções de VLT integrado no mundo, o que a posiciona como líder mundial nessa área. A Alstom atualmente está gerenciando a construção de oito sistemas de VLT, 

incluindo Cuenca (Equador), Rio (Brasil), Sydney (Austrália), Nottingham (UK), Lusail (Qatar) e outros projetos na Argélia.

Sobre a Alstom Transporte 

Promovendo a mobilidade sustentável, a Alstom Transporte desenvolve e comercializa a mais completa gama de sistemas, equipamentos e serviços do setor ferroviário. A Alstom Transporte administra sistemas inteiros de transporte, incluindo trens, sinalização, manutenção e modernização e infraestrutura, além de oferecer soluções integradas. A Alstom Transporte registrou vendas de 6,2 bilhões de euros e registrou 10 bilhões em pedidos no ano fiscal 2014/15. Está presente em mais de 60 países, e emprega cerca de 28.000 pessoas.

Contatos para a Imprensa
Mariana Maciel (Alstom Brasil e América Latina)
mariana.maciel@alstom.com Tel.: 11 3612-7074

Internet Alstom Brasil

Recém inaugurada, unidade de Taubaté vai fabricar 27 trens para a prefeitura do Rio de Janeiro

15/07/2015 - Gazeta de Taubaté - Taubaté/SP

Redação / Gazeta de Taubaté
redacao@gazetadetaubate.com.br

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Foto: Cerimônia de entrega do VLT no Rio de Janeiro (Divulgação/Alstom)

Ao todo, foram encomendados 32 trens. Destes, 27 serão produzidos em Taubaté e outros cinco na unidade da Alstom em La Rochelle, na França.

Os veículos fabricados na França já começaram a ser entregues. O primeiro deles chegou ao Rio de Janeiro no dia 5 desse mês.

A previsão é de que o sistema de trens comece a operar parcialmente no primeiro semestre de 2016, a tempo das Olimpíadas, que serão realizadas na capital fluminense.

A linha tem 28 quilômetros de comprimento e incluirá 32 paradas.

"A Alstom tem o prazer de entregar o primeiro VLT Citadis ao Rio de Janeiro, que é a primeira cidade no Brasil a ser equipada com um sistema completo de VLT. O sistema conectará ônibus, metrôs e trens e aumentará a intermodalidade da cidade, reduzindo, ao mesmo tempo, os congestionamentos e a poluição", disse o vice-presidente da Alstom Transporte na América Latina, Michel Boccaccio, durante a cerimônia de entrega.

"O VLT representa a libertação do centro, eliminando essa confusão de ônibus e, aos poucos, devolvendo qualidade de vida para quem mora na região, evitando grandes deslocamentos", ressaltou o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB).

INVESTIMENTO/ Para produzir os VLTs em Taubaté, a Alstom inaugurou em março uma nova unidade na cidade.

A linha de produção recebeu investimento de R$ 50 milhões e gerou 150 empregos.

A fábrica de Taubaté tem cerca de 16 mil metros quadrados e capacidade para produzir até oito trens mensalmente.

O VLT modelo Citadis tem 44 metros de comprimento e capacidade para transporte de até 420 passageiros.

Os trens são livres das catenárias, como são chamados os cabos aéreos de captação da energia.

De acordo com a Alstom, isso é possível porque os veículos são equipados com o sistema APS — que fornece energia pelo solo, por um terceiro trilho posicionado centralmente entre as linhas de operação – e por supercapacitores, que são módulos instalados no teto do VLT, que armazenam energia e a regeneram durante a frenagem do trem.

Os veículos entregues à prefeitura do Rio terão velocidade média de 17 km/h.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Primeiro trem do VLT desembarca no Rio e deve começar a operar em abril

02/07/2015 - O Globo

Nem de longe lembra os saudosos bondes da década de 1960. O primeiro trem do VLT, que chegou ao Rio na sexta-feira, vindo de La Rochelle, região costeira da França, parece ter saído de um filme futurista. A cabine, onde ficará o maquinista, tem painéis luminosos como laboratórios de ficção científica. Ao lado do computador de bordo, no centro, há 26 botões verdes e laranjas com funções variadas: um deles, por exemplo, ligar o ar-condicionado; outro, aciona o limpador do para-brisa. Quando estiver preparado para operar, uma alavanca, semelhante a um joystick de videogame, dará partida a cada composição. O sistema vai deslizar sobre trilhos da cidade sem precisar de conexão com cabos da rede elétrica, como é comum nos VLTs mundo afora.

— O Rio será a segunda cidade no mundo a ter um VLT 100% livre de catenária, ou seja, sem os cabos aéreos de energia para alimentar os veículos. A primeira foi Dubai, nos Emirados Árabes. O sistema, chamado de APS, aliado a capacitores, fornece eletricidade pelos trilhos, que são energizados somente no exato local onde a composição está passando — diz Jorge Arraes, secretário especial de Concessões e Parcerias Público-Privadas.

Assim que sair do Porto, onde ainda aguarda a liberação da alfândega, o VLT será levado para a Rua General Luís Mendes de Morais, ao lado da Rodoviária Novo Rio, para realizar as primeiras avaliações. Uma equipe da Alstom, empresa que fabrica o bonde moderno, virá ao país para acompanhar os testes de nivelamento (para averiguar se o VLT não vai arrastar o fundo da composição nos trilhos). Em breve, a Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp) vai divulgar as datas de chegada dos próximos trens. Segundo o órgão, está previsto o recebimento de mais 31. Quatro deles virão da mesma região na França, e os demais serão montados em Taubaté, na fábrica da Alstom, em São Paulo.

— A fábrica em Taubaté foi inaugurada em março para isso. Eles começaram a montar os trens desde então. Toda a parte de sistema, como equipamento elétrico, continuará sendo importada. O que será fabricado aqui serão as rodas, suspensão, bancos, luminárias, tudo que não for sistema elétrico e de TI será fabricado em São Paulo. Não há risco de atrasos. O processo faz parte do programa de nacionalização progressiva que firmamos na época que definimos a empresa. Uma das exigências era que ocorresse transferência de tecnologia para que a fábrica brasileira ficasse apta a produzir VLTs para outros lugares — diz Arraes. — Depois que o Rio assumiu a vanguarda do VLT no país, Santos, Brasília, Cuiabá e Curitiba já procuraram a prefeitura da cidade para conhecer o projeto.
PERÍODO DE TESTES

No cronograma inicial, estava previsto que a fase de operação começasse este mês, e a segunda, em março de 2016. Agora, a previsão é que os primeiros VLTs comecem a circular pelo trecho que vai da Rodoviária Novo Rio até o Aeroporto Santos Dumont no fim de 2015 — passando pela Avenida Rodrigues Alves, Praça Mauá e Avenida Rio Branco —, mas apenas para testes operacionais, sem passageiros. O público poderá andar de VLT a partir de abril do ano que vem. A linhas, que haviam sido divulgadas, estão em estudos. Segundo a prefeitura, a programação vai levar em consideração a retirada dos ônibus do Centro.

A segunda etapa inclui a ligação entre a Central do Brasil e a Praça Quinze, passando, por um lado, pela Avenida Marechal Floriano, e, por outro, pelo Campo de Santana, Praça Tiradentes, Largo da Carioca e Rua Sete de Setembro. A previsão é que este segundo trecho, que vai conectar também o Santo Cristo à Avenida Rodrigues Alves pela Gamboa, esteja em operação comercial em agosto de 2016.

— Mais para o fim do ano vão ocorrer testes simultâneos. Os que chegaram primeiro passarão pelos testes de movimento e, à medida que comecem a chegar os outros, vamos iniciar mais uma bateria de avaliação. A sequência toda de testes vai durar de três a quatro meses — diz Arraes.

No momento, a operação está concentrada na colocação dos trilhos por onde passará o VLT. Até agora, cinco quilômetros (o percurso inteiro é de 27 quilômetros) já foram instalados — 18% do total. Os trechos mais adiantados são as vias próximas à Rodoviária Novo Rio, e as regiões da Praça Mauá, Cinelândia, e Praça da Harmonia. No final de semana, foram feitas interdições em ruas no entorno do Campo de Santana e na região do Largo da Carioca. Esses locais passam por obras para a colocação dos trilhos. A única área que ainda não tem previsão de intervenções é a que vai da Central do Brasil até a Avenida Rio Branco. No local haverá quatro pontos de parada do VLT.

CAPACIDADE PARA 420 PESSOAS

A velocidade média de cada trem será de 17km/h. Os intervalos devem variar entre três e 15 minutos, dependendo da linha e do horário. De madrugada, os veículos circularão de 30 em 30 minutos. O que também varia é a capacidade total de passageiros. Em média, com três vagões acoplados, será possível carregar 420 pessoas. O sistema terá 32 estações em todo o percurso. Quatro delas (Rodoviária Novo Rio, Central do Brasil, Aeroporto Santos Dumont e Praça Quinze) serão cobertas, assim como as estações do BRT Transcarioca e Transoeste. A novidade é que não haverá cobradores, nem roletas. O sistema de pagamento prevê a utilização do Bilhete Único e a validação voluntária. Esse modelo — utilizado em diversas cidades do mundo — será adotado no Rio pela impossibilidade de construir várias estações. O custo total da obra é de R$ 1,1 bilhão.

Para o professor do Departamento de Engenharia de Transporte da Uerj Alexandre Rojas, o VLT vai conseguir resgatar a mobilidade de um pedaço do Centro que "implorava" por melhorias.

— Um dos melhores meios de transporte que o Rio já teve foi o bonde. Funcionava bem e atendia à necessidade da época. Mas a quantidade de carros na cidade acabou entrando em conflito. O VLT resgata a mobilidade que o Rio teve no passado. O Centro necessitava de uma grande intervenção há décadas.

Quatro bondes de Santa Teresa passam por testes em trecho de 900 metros

Em fase experimental, novo sistema opera sem passageiros entre o Largo da Carioca e a Rua Joaquim Murtinho por dez dias

POR RODRIGO BERTOLUCCI

07/07/2015 - O Globo

RIO — A Secretaria estadual de Transportes iniciou, nesta terça-feira, os testes com quatro dos 14 bondes que circularão experimentalmente em Santa Teresa. Durante a operação, que vai durar dez dias, os veículos percorrerão o trecho entre a estação Carioca e a Rua Joaquim Murtinho. O trajeto de 900 metros será feito sem passageiros, para avaliar os freios magnéticos (os novos bondes têm cinco tipos de freios, contra três dos antigos).

Por determinação do governo estadual, foi preciso cortar e rebaixar paralelepípedos entre o fim da Rua Joaquim Murtinho e o Largo do Curvelo. A altura do calçamento comprometia a atuação dos freios magnéticos sobre os trilhos. Os ajustes devem ser concluídos na próxima semana.


Quatro bondes percorreram um trecho de 900 metros nesta terça-feira - Marcelo Carnaval / Agência O Globo

Segundo o secretário estadual de Transportes, Carlos Roberto Osorio, a previsão é que, até o fim de julho, esses quatro bondes passem a levar passageiros entre a Estação Carioca e o Largo do Curvelo, das 11h às 16h, sem cobrança de tarifa.

— Acompanhados pelo fabricante dos bondes (T Trans), vamos fazer os ajustes necessários para recebermos a autorização e a garantia de que os veículos estão em perfeitas condições de uso — diz Osorio, informando que o consórcio responsável pelos trilhos tem até meados de julho para concluir as alterações.

AVALIAÇÃO NO PRIMEIRO DIA É POSITIVA

Na avaliação do presidente da Companhia Estadual de Engenharia e Logística Roberto Marques, que acompanhou os testes desta terça-feira, o resultado foi positivo:

— O trabalho serviu para calibrar os equipamentos e para treinar os motorneiros que, apesar de experientes, precisavam usar todas as novas tecnologias disponíveis, em especial o freio magnético — avalia.

Passeando pelo Rio, o estudante francês Pierre Aguilar, de 28 anos, ficou encantado ao ver, mesmo que em fase de testes, o bonde circulando pelas ruas do bairro:

— É a segunda vez em que visito o Rio e todos meus amigos falavam sobre o bonde de Santa Teresa. Mesmo em teste fiquei encantado com o veículo — diz.

CUSTO DA OBRA JÁ SUBIU 49%

O morador Edson Araújo, de 30 anos, não está tão otimista. Ele lembra que outros testes já foram feitos e, até agora, o sistema não voltou a funcionar.

— É muito dinheiro jogado fora e que garantia temos de que os bondes vão mesmo voltar? Já houve outros testes e, no mês que vem, vamos completar mais um ano sem o sistema — lamenta Edson, nascido no bairro.

As obras já andaram a passos lentos e até pararam. A conclusão, prevista inicialmente para junho de 2014, foi adiada diversas vezes. Hoje, o governo do estado sequer arrisca uma data para o encerramento dos trabalhos.

O consórcio Elmo-Azvi já foi multado duas vezes por problemas nos serviços prestados. O montante chega a R$ 1,35 milhão. O grupo apresentou um recurso, que está sob análise.


No Largo dos Guimarães a instalação dos trilhos já foi concluída mas a obra ainda está em fase de concretagem no trecho da Rua Almirante Alexandrino próximo ao Bar do Arnaudo. O custo total da reforma, que já está 49% mais alto que o valor inicial, passou para R$ 87,1 milhões no mês passado.

O sistema está parado desde 27 de agosto de 2011, quando seis pessoas morreram e 57 ficaram feridas num descarrilamento na Rua Joaquim Murtinho. O laudo do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) detectou 23 problemas no veículo.

COMO FOI O TESTE DOS BONDES

A Secretaria estadual de Transportes iniciou os testes operacionais com quatro dos 14 bondes que...Foto: Marcelo Carnaval / Agência O Globo

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/quatro-bondes-de-santa-teresa-passam-por-testes-em-trecho-de-900-metros-16686855#ixzz3fL6Q9ode 
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segunda-feira, 6 de julho de 2015

Paes quer integrar bonde de Santa Teresa ao VLT do Centro

05/07/2015 - O Globo / Agência Brasil

RIO - Após os moradores de Santa Teresa protestarem neste sábado por conta do atraso nas obras para a reativação do bondinho de Santa Teresa, o prefeito Eduardo Paes defendeu, na tarde deste domingo, que a operação dos bondes seja municipalizada e integrada ao Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) do Centro. No entanto, o prefeito voltou a rejeitar a possibilidade de assumir a execução das obras, hoje a cargo do governo do estado.

A declaração foi dada durante a apresentação da primeira composição do VLT. Para Eduardo Paes, os bondes fazem parte da "vocação" do Rio de Janeiro. Ele criticou a opção "rodoviarista" de governos anteriores e afirmou que a municipalização dos bondes é uma tendência "natural", mas faltam recursos para que a prefeitura assuma também a execução da obra.

— É natural que o bonde de Santa Teresa seja municipalizado. Acho até que ele pode ser incorporado a essa rede do VLT, com as características do bonde de Santa Teresa. Mas a prefeitura do Rio não tem condições de assumir mais obras. Já temos um conjunto de obras importantes, que queremos entregar no prazo e no custo. Tem que ter responsabilidade para não querer abraçar o mundo e depois não entregar — analisou.

Paes revelou ainda que o secretário municipal de Transportes, Rafael Picciani, deve divulgar em até 15 dias o levantamento de quais linhas de ônibus deixarão de circular no Centro após o começo da operação do VLT. Segundo Jorge Arraes, titular da Secretaria Especial de Concessões e Parceiras Público-Privadas da prefeitura, a modulagem para a implantação do VLT mostram que devem ser retirados cerca de 80% dos ônibus que hoje circulam na Zona Portuária.

— A hipótese é que a gente teria em torno de 80% a 85% de redução do número de ônibus na Zona Portuária. Mas com a abrangência do VLT sendo expandida para o Centro da cidade, ainda não temos esse número. Vai ocorrer uma nova racionalização das linhas de ônibus do Centro e o VLT vai contribuir muito para isso — explicou.

Acompanhado por seu secretário de Coordenação de Governo, Pedro Paulo, e pelo deputado federal Rodrigo Maia (DEM), Paes visitou a primeira composição do VLT, que entrará em testes em breve. Funcionários do VLT também conheceram a composição, que foi totalmente construída na França, assim como outras quatro que também serão importadas este ano. Os demais 27 VLTs, que terão alguns componentes produzidos em São Paulo, chegam no primeiro semestre de 2016.

Arraes ainda descartou a possibilidade de que atrasos nas linhas de ônibus que farão a integração com o VLT prejudiquem a eficiência da integração de modais, como ocorre hoje com os corredores BRT TransOeste e TransCarioca. Segundo ele, as especificidades do transporte sobre trilhos diminuem a possibilidade de problemas:

— Isso não vai ocorrer aqui porque o intervalo do VLT é muito menor do que o de qualquer outro modal.

Agência Brasil

Primeiro trem do VLT chega ao Rio

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, apresentou neste domingo (5) o primeiro trem do sistema de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), de um total de 32 que vão funcionar no centro e na zona portuária da capital fluminense por 28 quilômetros de trilhos.

Com previsão de começar a circular a partir de abril de 2015, esses serão os primeiros meios de transporte público do país com validação voluntária, ou seja, sem roletas e cobradores. Os passageiros é que devem pagar a tarifa espontaneamente com o bilhete único, de maneira similar ao modelo empregado em algumas cidades da Europa, como Amsterdã e Berlim. Para o prefeito, o carioca terá de aprender a respeitar as regras.

"As pessoas têm que entender que se elas derem o trambique e não pagarem, quem pagará é a própria população, porque a prefeitura terá de arcar com essa conta. Culturas que são importantes mudarmos no Brasil", disse ele.

O prefeito também destacou que o VLT integrará todos os demais modais da cidade. "Quem chega de barca na cidade encontra um VLT, quem vier de trem também, o metrô integra com o VLT e todos os BRT (Bus Rapid Transit) vão integrar o VLT. Isso é um avanço enorme na mobilidade da cidade, tirar essa confusão de ônibus do centro. É a volta do bonde, que sempre foi uma marca da cidade e essa política pública nunca deveria ter sido mudada. Cidade e carro não funcionam", completou Paes.

Das dezenas de estações previstas, apenas quatro serão fechadas: na Rodoviária Novo Rio, na Central do Brasil, Barcas e Aeroporto Santos Dumont. O primeiro trecho a entrar em operação vai transportar passageiros entre a Rodoviária Novo Rio e o Aeroporto Santos Dumont. Segundo a prefeitura, o serviço será oferecido as 24 horas e deve transportar diariamente 300 mil pessoas, com intervalos de três a 15 minutos.

Com capacidade para 420 pessoas, o modelo apresentado foi construído na França, de onde virão mais quatro trens. Os demais veículos vão ser fabricados na cidade de Taubaté, em São Paulo, com tecnologia francesa. O novo meio terá um total de R$ 1,157 bilhão de investimento público, sendo R$ 532 milhões de recursos federais do Programa de Aceleração do Crescimento da Modalidade (PAC 2) e R$ 625 milhões viabilizados por meio de Parceria Público-Privada (PPP) da prefeitura. O serviço será terceirizado por meio de concessão, com prazo de 25 anos.

sábado, 4 de julho de 2015

Trecho da Avenida Rodrigues Alves é parcialmente liberado neste sábado

Praça da República terá pista interditada para obras do VLT

POR RENAN FRANÇA

04/07/2015 - O Globo


Avenida Rodrigues Alves é aberta entre a Avenida Professor Pereira Reis e a Rodoviária - Custódio Coimbra / Agência O Globo

RIO - Duas notícias sobre o trânsito no Centro: uma boa, a outra nem tanto. Às 8h deste sábado, foi liberado parcialmente ao tráfego o trecho da Avenida Rodrigues Alves entre a Avenida Professor Pereira Reis e a Rodoviária Novo Rio, no Centro. As mudanças vão permitir aos motoristas que vêm do Santo Cristo utilizar três faixas, sentido Avenida Brasil e Ponte Rio-Niterói. No local, a liberação será parcial, porque ainda há obras do Porto Maravilha nas três faixas da Rodrigues Alves no sentido Centro e nas duas vias por onde passará o BRT Transbrasil.


Por outro lado, haverá mais uma interdição no Centro. Neste sábado, a partir das 14h, a Praça da República (ao lado do Campo de Santana) será interditada entre a Avenida Presidente Vargas e a Rua da Constituição. Ali, o motivo do fechamento é a colocação dos trilhos por onde passará o VLT. O trecho da Rua da Constituição entre a Praça da República e a Rua Gomes Freire também será fechado.

- No momento em que a cidade perde uma via importante no Centro, é fundamental que os motoristas ganhem uma saída. A liberação do trecho da Rodrigues Alves dará um alívio. Com a descida do Santo Cristo fluindo melhor, o trafego no Túnel Santa Bárbara vai melhorar, assim como a Presidente Vargas, sentido Maracanã - diz Joaquim Dinis, diretor de operações da CET-Rio. - Mas não tem jeito. Por causa do fechamento da Praça da República, segunda-feira o trânsito estará intenso. Será um dia crítico.

Devido às interdições na Praça da República, a Avenida Passos se torna a melhor alternativa para os motoristas seguirem, por exemplo, para as Ruas Gomes Freire e Inválidos. Para quem deseja seguir nessa direção, a melhor rota é contornar a Praça Tiradentes e pegar a Rua Visconde do Rio Branco. Há também a possibilidade de os motoristas que estão chegando ao Centro pela Presidente Vargas virarem à direita na Rua General Caldwell. Quem preferir esse caminho pode seguir até Avenida Henrique Valadares, que cruza tanto a Rua Gomes Freire como a Rua dos Inválidos.

- Com a interdição da Praça da República, a chegada ao Centro pela Presidente Vargas e pela Binário ficará muito ruim. Principalmente na primeira semana, pois a gente não consegue atingir todos motoristas - diz Dinis. - As vias do Centro estão no limite da capacidade em todos os horários do dia. Antes, para o trânsito ficar ruim, era preciso ocorrer um acidente. Agora, temos condições ruins de tráfego quase o dia inteiro. O trânsito está saturado.

Faixas instaladas em cruzamentos informarão sobre alterações e novas rotas. A operação de trânsito será reforçada com o deslocamento de 21 operadores de tráfego especificamente para esses trechos e utilização de 12 painéis de mensagens. Segundo a prefeitura, ainda não há um cronograma de reaberturas de ruas interditadas para obras. Para as vias que passam por obras para a colocação dos trilhos do VLT, a liberação para o tráfego será depois de abril do ano que vem.

A partir deste sábado, a pista da Avenida Vieira Souto no sentido Ipanema - entre as Avenidas Epitácio Pessoa e Borges de Medeiros (trecho do Canal do Jardim de Alah) - voltará ao traçado original. O Consórcio Linha 4 Sul finalizou o remanejamento da rede pressurizada de esgoto da Cedae. Operadores de tráfego atuarão no local, orientando motoristas e pedestres, que deverão ficar atentos à nova configuração da via e à sinalização que será realocada. No sentido Leblon, a pista permanece com o desvio temporário para conclusão da reurbanização da via. Nesse trecho, os motoristas seguem por duas faixas provisórias construídas na própria Vieira Souto. A previsão é que ainda este mês o trânsito volte à configuração original na pista sentido Leblon.

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